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COVID-19: 'Melhor vacina é a que estiver disponível', diz infectologista

Foto: reprodução 

 Uma escolha em hora inadequada: enquanto o Brasil perde milhares de vidas a cada dia para a COVID-19, algumas pessoas que já podem se vacinar preferem esperar por temer os efeitos colaterais da fórmula da AstraZeneca, a segunda mais aplicada no país até o momento. O irresponsável comportamento, percebido sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, forçou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fabrica a injeção no país, a convocar seus especialistas para conscientizar a população. “Não é nada grave e são efeitos que nós chamamos de indesejáveis ou adversos, mas que podem ocorrer e que, rapidamente, em 24 horas, a tendência é desaparecer”, explicou a pneumologista Margareth Dalcolmo nos canais da Fiocruz. A jornalista de dados Bárbara Libório, da revista “AzMina”, relatou no Twitter o que presenciou em um centro de saúde em São Paulo. "O que me deixou mais chocada na fila do posto foi a quantidade de pessoas perguntando que vacina estavam dando. Gente dizendo que iria embora se fosse AstraZeneca. Gente comemorando quando ouviu que era Pfizer. O movimento sommelier de vacina é real – é perigoso”, afirmou.  “Levei mamãe pra se vacinar hoje e uma mulher na fila dizia querer só Pfizer. A moça que controlava a entrada, oficial dos bombeiros, disse que era só AstraZeneca, e indicou alguns postos para a mulher encontrar Pfizer, como se vacina fosse Coca ou Pepsi, empada com ou sem azeitona”, escreveu o também jornalista Thales Machado, editor no jornal O Globo e morador do Rio de Janeiro. Entre as reações mais comuns estão dores musculares, febre, mal-estar e calafrios. Especialistas afirmam que os efeitos duram poucos dias após a vacinação e que casos mais graves são raros. Minas Gerais recebeu 10 milhões de doses das três fabricantes, de acordo com dados do vacinômetro. Professor-emérito da Faculdade de Ciências Médicas e assessor do Hermes Pardini, o epidemiologista José Geraldo Ribeiro é um dos que afirmam que não cabe escolha de vacina. “A melhor vacina é a que estiver disponível”, aconselha. O especialista lembra que, do ponto de vista científico, ainda é cedo para comparar a eficácia entre os imunizantes. “Neste momento, não há como saber qual vacina é mais eficaz”, diz. Ele lembra que os estudos de fase 3 (a última fase do ensaio clínico) de cada um dos imunizantes não são comparáveis. E explica que, devido à urgência de combater o novo coronavírus, os estudos foram feitos em curto espaço de tempo. “Durante o uso, nos próximos anos, conheceremos melhor a efetividade de cada vacina e os possíveis eventos adversos mais raros”, pondera. O infectologista Carlos Starling, que integra o Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, alerta para o risco de escolher o fabricante da vacina. “Adiar a vacinação por preferência é um risco muito grande. O vírus pode te encontrar antes. Aí, é contar com a sorte”, afirma.

Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

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